À sua frente *, no largo, tem um frade putanheiro que há para cima de três séculos fez versos jocosos e que agora chora diarreia de pombas pela cara abaixo, sentado num pedestal. Chiado, é dele que se trata. Ninguém lhe dá atenção, mas o homem, além dos versos, foi imitador de vozes e valdevinos ao desbarato.
Diz-se.
O mais estranho é que, apesar de versejador menor e muito provavelmente corrupto, este frade escorpião viu-se passado a monumento de praça e de eternidade sem que ninguém saiba porquê e o seu nome ficou no mapa como a maior referência cultural e mundana do país.
In "Lisboa Livro de Bordo Vozes, Olhares, Memorações", de José Cardoso Pires
* Fernando Pessoa
8 comentários:
Dá gosto sentir o vosso gosto pela cultura e magia da nossa capital.
Verborreia certeira, ironia malandra, fotgografia exacta, inspiração sublime.
Beijos.
Um local mítico da capital.
Já me tinha interrogado sobre quem era o sujeito retratado na estátua, agora já sei.
FP escreve bem, o malandro, mas o Eça continua a ser o maior.
Olá, bela fotografia....
Beijos
Ele há cada um!...
Saudações.
A Lisboa... castiça.:)
O Chiado, sim senhor... é muito bonito, mas assim com tanta merda de pombo?
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